25 dezembro 2008

Meus desejos para 2009

Neste reveillon não vou usar cueca.

26 novembro 2008

Ressaca



Acordei sem sucesso de te esquecer e, com o hálito ainda inflamável, abandonei o gargarejo pra guardar comigo teu gosto de ontem. Não troquei os travesseiros pra preencher com teu cheiro e com meus sonhos a lacuna à outra ponta da cabeceira. Atendi o telefone que chamava meu nome e escutei do outro lado da linha doces desculpas misturadas ao chiado que não sabia se era da fiação velha ou do eco das palavras que não deveria ter dito na noite anterior. Ainda que estivesse nesse furacão de saudades por não te ver há poucas horas, desliguei. Tem alguém que amo mais do que você: eu.

...and the leaves that are green turned to brown
- Paul Simon & Art Garfunkel

10 novembro 2008

They may say I'm a dreamer, but I'm not the only one

Quando eu tinha 17 anos, com o estômago roncando de uma vida ainda por vir, cheio de sonhos, decidi que ia abrir meu próprio negócio. Muita gente me disse que não era bem assim, que a concorrência era muito pesada, que eu estava me metendo num ninho de cobras. Nem dei bola. Não ia ser esse tipo de comentário que ia ficar no meu caminho. Eu tinha um sonho não ia desistir assim tão fácil.

Comecei devagar, como assistente num negócio pequeno, e fui subindo. "Cuidado com as hierarquias, não vai deixar ninguém pisar em ti". Ouvia de tudo, mas não desanimei. Batalhei, investi, até que conquistei minha independência. Já tenho meu próprio negócio.

E por mais que todos menosprezem o significado do meu trabalho, hoje saí para trabalhar com a certeza que ia mudar o mundo. Que eu ia fazer algo grande, marcar meu nome na história. Saí de casa, entrei no carro, cruzei a beiramar, coloquei a cabeça pra fora, puxei o maior fôlego que eu pude e gritei aos quatro ventos, para todo mundo ouvir:
























PAMONHA, PAMONHA, PAMONHA!
PAMONHA DE PIRACICABA!

03 outubro 2008

When you're strange



"Quem vai estar lá?"
"Ah, é festa do trabalho né, então maioria do pessoal de lá, mas eu, a Fulana e o Beltrano vamos estar lá, então não tem galho. Isolado tu não vai ficar, não tem desculpa!"

E então, se sua vida fosse um filme, a cena seria cortada para o momento em que você já está na festa, quem te convidou está podre de bêbado, a Fulana e o Beltrano estão se agarrando em um canto e... tada! Você *está* isolado.

A coisa mais difícil do mundo é integrar pessoas de círculos diferentes. É como convidar uma freira para ir num bordel. A freira fica sem saber onde vai se enfiar e as putas ficam sem saber se podem ficar a vontade na presença da "irmã".

Pode ser que seja por ciúmes, de amigo, sabe? Eu sei. Os que pertencem à intersecção de dois círculos têm que escolher com qual deles conversar. Escolhendo um, o outro fica triste. E se escolher alternar entre os dois de tempos em tempos, todos ficam tristes. Os círculos e o caxias. Porque no fim, não foi possível manter uma conversa decente com ninguém.

É dificil que os grupos se misturem. É uma questão científica. Estou estudando clustering na faculdade. É um método para coletar uma série de informações e separá-las em grupos. Duas medidas são usadas para formar esses grupos:

1) Coesão: o grau de semelhança que os elementos de um grupo possuem entre si.
2) Separação: o grau de diferença que os elementos de um grupo possuem em relação aos elementos de outro grupo.

Ou seja, quanto mais unido é um grupo e menos ele conhece elementos dos outros, fica mais difícil de juntá-los. É fato, pura matemática.

Acho que todo mundo já esteve nos dois lados dessa moeda. Já fez parte de um dos dois círculos e já foi parte da intersecção. Só sei que não é nada fácil.

25 setembro 2008

As Marcas Brancas no Papel


Ah, as marcas brancas no papel.

Malditas marcas brancas no papel.

Eco das páginas que vieram antes. A imagem do entalhe das emoções que um dia foram postas sobre aquela folha e que eventualmente, por mais que a página tenha sido virada, por mais que o original tenha sido destruído... voltam a aparecer.

Como marcas brancas no papel.

O pesar do punho, da caneta e da consciência é tanto que ao se expressar, o artista cria a cicatriz. E como é funda a miserável. Funda a ponto de marcar pelo menos umas 5 folhas dali em diante, garantindo que por mais coberta de tinta que esteja aquela folha, sempre haverá um pequeno espaço vazio. Depressão quase que imperceptível. E funda. A cretina.

Pudera eu pintar sobre as partes cinzas e toscas de minhas telas. Mas elas... elas me perseguem. Continuam a me mostrar todos os meus erros, meu passado, meus acertos. Ainda que eu comece tudo denovo, elas vão aparecer na próxima folha. E aquele monte de asneiras ou aquela briga feia - que já foi desculpada - por mais que sejam passado, continuam lá, olhando de volta pro autor no meio de sua mais nova obra.

Malditas marcas brancas no papel.

06 setembro 2008

Urge

Eu só queria MMMMMMMPFFF JASDIUFJDZMBVFJK
ASLIUVHSDZHFJRLKGMVMVJCJSS
AKJFLKDHVUKXCUCXUCUIVIUASSKDFFNNSDDDDD
SAOIFUSIUZVYCXTBUYGTN6CBRNUTDGFUIKAWEBRNSCTHBFTYDJUGRD
KJHGDUYFTSD&¨(*FOIU#LKRMEPDUDGFHMDFILOKDSÇLDFLKJSOIRGHJENRAS
-0WAONQHWAGBSDV;.,MFRTYDJSRA'

Pronto. Passou.

21 maio 2008

Morning Wood

Ela faz questão.
Todo o dia que eu acordo bem disposto, ela olha, com fome, para mim. Se aproxima, suando as extremidades, e toca meu rosto. Me acaricia fundo, como se desejasse por aquele instante desde o momento em que fechei os olhos na noite passada. Fundo, tão fundo que me lacera, às vezes. Eu normalmente termino antes do que ela gostaria, mas àquela hora da manhã, não há quem aguente. Quando ela termina, estou leve. Feliz e rejuvenescido em pelo menos 5 anos, eu abro a torneira e a lavo antes de guardá-la na caixinha que lê: Gillete Mach 3.

20 maio 2008

Special Thanks

Walt Disney
Herbert Richards
Quentin Tarantino
Matt Groening
Stanley Kubrick
Arnaldo Jabor
David Gilmore
Herbert Vianna
Andy Warhol
Madonna
Beakman
Tyler Durden
Shigeru Miyamoto

...for shaping my character.

14 maio 2008

Pisando em ovos

Alguma vez...

você já...

sentiu que...

precisava medir...

cada palavra,...

cada passo,...

conferir se...

os botões da camisa...

estão no lugar certo...

a cada 30 segundos?

Ser exigido...

a estar impecável...

todos os dias...

e fazer lacunas...

em cada frase...

para pensar...

se não está falando...

o que não pode?



Me sinto pisando em ovos.
Só quero de volta minhas escolhas fáceis, minhas palavras simples, minhas sentenças curtas e minha vontade de falar o que eu bem entender - cantando.

02 abril 2008

A Vida imita a Arte




Um acelerador de partículas construído para desvendar os segredos da construção da matéria e validar os fundamentos da física moderna. Porém, dois cientistas, Walter Wagner e Luis Sancho, alertam os líderes do projeto do risco de que o acelerador acidentalmente abra um pequeno buraco negro que engoliria a terra.

Poderia ser sinopse de um filme não? Estrelando Matt Damon como Walter Wagner e Antonio Banderas como Luis Sancho.
Poderia ser um jogo. Para dois jogadores, onde cada um joga com seu cientista favorito, e sua missão é evitar que a realidade como nós conhecemos seja perdida em um experimento científico.

Poderia, mas é realidade.

Algumas músicas pra mim viraram trilha sonora. Ouço gente dizer que acontece tanta loucura na vida que parece mais um Big Brother. Minhas relações sempre viram novelas mexicanas. Meu chefe usa frases de efeito da Agatha Christie. As frases de um amigo meu parecem bordões de um personagem de série de TV.

Um serial killer ataca a cidade. Todas as vítimas - com antecedentes criminais - foram mortas da mesma maneira. Um tiro certeiro na cabeça e o resto da arma descarregada no corpo do infortunado. Passado algum tempo, o assassino confessa tudo para a polícia, ironicamente. Agora a polícia tenta encontrar provas dos assassinatos para confirmar a história do meliante.

O serial killer tem 16 anos.

Tem um filme sobre um cara que tem um narrador pra vida dele. Tem gente que narra a vida dos outros. Gente, revista, blog e talk shows. Tem dias que a gente escolhe ser coadjuvante. Depois de falar uma frase significativa o bastante, alguém pergunta "isso não é uma música?". Tem poesia no ônibus. Tem tanto livro virando filme que em breve os produtores vão ter que pular pras histórias em quadrinho.

Um ladrão de banco passa indetectado por todos os mais avançados sistemas de segurança existentes. Sua estratégia era extremamente sofisticada. Ele hipnotizava os caixas do banco para lhe darem acesso às gavetas com o dinheiro. Tudo teria dado certo se não fosse por essas 5 crianças e esse maldito cachorro. Scooby doo?

Não, BBC.

Será que a arte imita a vida ou a gente simplesmente vive um baita dramalhão?

11 março 2008

Shampoo

Brilho Extremo
Liss Intense
Reconstituição das escamas capilares com uso de ceramidas
Destaque de cores para cabelos tingidos
Proteína de pérola
Algas marinhas
Extrato de frutas
Leite de cabra
Chocolate
Anti-frizz

Tem shampoo que promete de tudo. Já tem uns 10 anos que eu não vejo uma propaganda de shampoo que promete simplesmente limpar seu cabelo. Parece que depois de um tempo, de tanto se concentrar em perfumaria, esquecemos o propósito da coisa.

10 fevereiro 2008

High on love



<Gloomold> BAH fou
<Gloomold> sabe aquela música do disco novo do weezer
<Gloomold> "we are all on drugs"?
<Gloomold> when you're out with your friend in your new mercedes-benz and you're
<Gloomold> on druuuuugs
<Gloomold> and you put on your headphones and you step into the zone 'cause you're
<Gloomold> ooon druuuuugs
<~Fou> uia
<~Fou> n sei
<~Fou> vou baixar tb
<Gloomold> ausheiaeh, pode baixar, mas é que eu descobri agora
<Gloomold> que a MTV
<Gloomold> fez uma versão
<Gloomold> MUITO TOSCA
<Gloomold> acabei de ver o clipe no youtube
<Gloomold> que eles editaram
<Gloomold> sempre que eles falam
<Gloomold> "on drugs"
<Gloomold> e colocaram
<Gloomold> "in love"
<Gloomold> É RIDÍCULO!
<Gloomold> iuhOIUSAhOIUSAiASHiuAS
<Gloomold> dá até pra perceber as falhas da edição
<~Fou> é BASICAMENTE a mesma coisa after all
<~Fou> tu fica um abobado
<~Fou> qualquer coisa idiota vira algo maravilhoso
<~Fou> tu fica extremamente sensível
<~Fou> mesma coisa.
<~Fou> só que um dos 2 é mais barato.
<~Fou> adivinha qual? :}


Get mIRC:
http://www.mirc.com/get.html
http://www.cyberscript.org/download.php

My server: irc.rizon.org


Get STONED:
YouTube: Weezer - We are all on Drugs
Last.fm: Weezer - We are all on Drugs

Get LAID:
YouTube: Weezer - We are all in Love
Last.fm: Weezer - We are all in Love

05 fevereiro 2008

Tudo vai ficar bem é o caralho.

Estive pensando esses dias: devia ter uma lei proibindo as pessoas de dizer "tudo vai ficar bem". Ou pelo menos deveriam exigir habilitação de quem quiser que disesse isso. Talvez eu pense assim porque sou um pessimista convicto. A coisa mais frustrante pra mim é ver uma TSUNAMI se aproximando e um bunda-mole ao meu lado, sentado em sua cadeirinha de praia, tomando agüinha de côco, dizendo: "tudo vai ficar bem, se não estã bem, é porque não chegou ao fim ainda!".

Me dá vontade de adiantar o fim do retardado. Parece que essa raça - essa sub-classe de humano - ainda não percebeu que as coisas não se ajeitam sozinhas. No fim, as coisas só ficam bem quando alguém trabalhou para que isso acontecesse. As coisas não são tão simples como na química inorgânica, quando tu mistura ácido e base, espera um tempo e depois de alguma borbulhada, tudo vira sal e água, e a harmonia volta a reinar. A partir do momento que o indivíduo está dando o sangue para arrumar a situação, ele tem todo o direito de falar que tudo vai ficar bem.

Exemplo prático:
Tsunami vindo.
A) O bunda-mole sentadinho diz que tudo vai ficar bem. FAIL.
B) O sujeito está quase morrendo de tantas felpas de madeira tem fincadas no corpo enquanto tenta a todo custo improvisar uma barragem usando pauzinhos de guarda-sol. RESPECT.
Esse merece dizer que tudo vai ficar bem, ainda que não fique. Afinal, o cara tentou.

Eu sempre estive na posição do cara que fala que vai ficar bem mas faz algo a respeito. Daí chega uma situação na vida em que se percebe que dadas as dimensões do problema, não há o que fazer. Perdi uma amiga. Tenho a certeza de que nada do que eu disser pra qualquer pessoa que está passando pelo mesmo que eu (ou pior) não vai fazê-la se sentir melhor. Sei disso porque sei que nada do que ME disserem vai adiantar. Queria ter o poder de segurar alguns dos meus amigos e dizer: passa essa tristeza pra mim. É barra, mas prefiro eu segurar que ver eles dessa maneira.

Talvez seja minha inabilidade de lidar com isso, mas não consigo trabalhar na solução pra isso, não dessa vez. Que o mundo me desculpe por me conformar em ser o bunda-mole dessa vez, mas estou fazendo meu melhor. Força...

06 janeiro 2008

Reveiller

- Bem na hora! O leitão acabou de ficar pronto! - abri a porta recebendo Anita que vinha comemorar a virada do ano conosco.

Anita largou seus pertences em um canto, como já estava acostumada, e logo se acomodou na sala, onde comíamos com os pratos no colo, bebendo, ouvindo música e conversando.

- Ah, sim! Anita, esse é o Ricardo, um amigo meu de longa data... - apresentei-o.
- Oi Ricardo!

Ricardo fez questão de levantar-se e cumprimentar Anita calorosamente quando ela chegou. Desta vez, de boca cheia, ele acenou com a cabeça enquanto erguia seu copo em um gesto de brinde.

- Ricardo é mudo, Anita. Desde que o conheci.
- Nossa, mas o que houve? Acidente, voto de silêncio ou algo parecido?
- Olha... Ele não fala muito sobre isso!

Risos. Ricardo riu, inclusive, embora eu também não soubesse a razão dele não falar.

- Vocês se conhecem há quanto tempo? - perguntou Anita enquanto se recuperava da piadinha.
- Não muito, faz uns 2, 3 anos. Ele luta, foi meu professor de aikido.
- Que legal! Mas me explica uma coisa, fiquei curiosa. Como que vocês são amigos assim sem trocar uma palavra? Ele só escuta o que tu tens pra dizer, isso nunca incomodou vocês?

Eu e Ricardo nos olhamos. Ele levantou sinalizando que ia até o banheiro.

- Não... Não sei explicar, na verdade. Com certeza ele me escuta bastante. A gente simplesmente se entende, o Ricardo não precisa falar pra mim saber o que aflige ele. Claro que é difícil, no início eu estranhei muito, mas daí tu conhece ele e vê que ele é um cara gente fina. Às vezes eu até ajudo ele a se expressar, quando ele precisa MESMO falar.
- E ele trabalha com o que? - questionou Anita ainda intrigada pela figura.
- Informática. Daí isso nunca foi problema, se comunica tudo por email mesmo.

Ricardo voltou do banheiro.

- Puxa, admiro a força dele. Conta aí, o que tu já teve que falar por ele?
- Ah, de tudo um pouco. Já liguei pra mãe dele no dia das mães, expliquei pra um cara de uma loja hippie que o gesto que ele estava fazendo significava "me dá dois desses" e não "paz e amor", uma vez até me declarei por ele para uma menina. Ficaram juntos por 1 ano.
- Óó, que bonitinho.

Ricardo olhou para mim fixamente, como se acabasse de ter percebido algo. Não sabia dizer se ele tinha esquecido ou lembrado de algo. Na dúvida, aproveitei pra contar as novidades para Anita.

- O Ricardo tá tocando conosco na banda. - contei para Anita.
- Sério? E o que ele toca?
- Teclado e vocais.

Ricardo ria denovo. Depois, fez gestos tão nítidos que eu podia ouvir ele dizendo "não, só toco teclado mesmo!". Anita terminou seu prato de leitão e já estava se levantando, preparada para repetir.

- Bah Ricardo, mas com teu amigo cozinhando deste jeito, vai ficar todo mundo quietinho por aqui! Vou lá pegar um pouco mais.

Alguns pratos, copos, cigarros e minutos depois, virou o ano. Vimos os fogos, conversamos mais um pouco e Anita foi embora. Pouco tempo depois, Ricardo decidiu ir também. Eu já abria a porta quando senti alguém cutucar meu ombro.

- Que foi, Ricardo?
- Obrigado. - respondeu. Respondeu, e então foi a minha vez de perceber que eu não precisava dizer mais nada naquele momento. E me calei.


Obrigado Ricardos e Anitas.