29 agosto 2006

Afraid of asking

Passei a parada de ônibus onde deveria parar. Não que seja algo fora de costume, mas dessa vez foi proposital.

Parei no terminal, ainda cedo, e me dirigi à parada onde deveria pegar o ônibus que, agora sim, me deixaria em casa. E assim esperei, com mais duas mulheres carregando sacolas e um homem bem vestido.

Percebi a aproximação de uma garota carregando uma caixa. Ela abria-a periodicamente e colocava a mão dentro, como quem cuida de um filhote. Filhote de quê, pensei. E continuei esperando, receoso de perguntar o que era.

Duas crianças de rua me pediram trocados. Não tinha, mal tinha pra mim mesmo. Uma das mulheres as chamou e ofereceu balinhas. O homem, bem vestido, ofereceu 2 pães de queijo em um saco plástico, que vinham guardados na pasta executiva. O homem fez sinal para o ônibus que vinha, e nele subiram as mulheres e as crianças. O homem continuou esperando.

Ao meu lado, a garota continuava abrindo a caixinha de tempos em tempos, me causando uma curiosidade cada vez maior. Chegou meu ônibus; havia perdido minha chance. Mas para minha surpresa, tinhamos o mesmo destino.

No caminho, a curiosidade me consome e, uma parada antes da minha, ela desce. E continuei, receoso de perguntar.

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Entrei no meu prédio. Chegando em casa, me deparo com a parte mais bizarra do meu dia. Um menino loiro de uniforme do meu antigo colégio, usando pantufas e com uma notável espinha na bochecha esquerda me esperava na frente da porta.

"aqui não é a sua casa..." - falou, inocente
"como não?"
"eu sei, tu não
mora aqui. eu moro *incompreensível*" - falou enquanto se movia, ficando
parcialmente escondido por uma dobra da parede, como uma criança que brinca de
estar observando de um canto.
"mas eu moro aqui sim... tchau!" - abri a
porta e entrei em casa

17 agosto 2006

Request permission to take off

Um dia um cara ensinou um guri a sonhar.
A não acreditar em impossível, nem em verdades absolutas.
Ensinou o guri a questionar, a instigar, a quebrar barreiras, mudar conceitos.

E então ele foi aprender a voar.
Sabia que tinha de haver um jeito, que não podia ser tão difícil.
Tentou, tentou e quebrou a cara.

Agora, esse guri anda pelo mundo convencendo as pessoas de que elas nunca vão conseguir.

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E finalmente eu descobri o que está errado comigo.
Cansei. Tá tudo igual!
Todo o dia:
- Acordo na mesma hora
- Tomo o mesmo café
- Chego atrasado no estágio
- Tenho as mesmas aulas
- Vejo as mesmas pessoas
- Vou ao mesmo lugar todo o fim de semana
- Penso que tenho que mudar

Enfim, ATÉ MEU WINAMP toca a mesma playlist.
Tá na hora de virar o disco né? Virarei:

Pra todos aqueles que me aturaram (ou não) durante meus dias de chatice e isolamento introspectivo:
"Desculpa" ...
... o caralho. Já aguentei vcs também ué.
Para os que eu nunca tive de aturar mas me aturaram denovo: valeu ^^ amo vcs. EHAUehuAEHae

03 agosto 2006

Meu chefe de cigana

Acordei, ela me serviu café. Gritou comigo um pouco, mas não entendi o que disse.
Não sabia quem era, nem aonde eu estava. Não conseguia me mexer muito bem, mas de alguma forma, fui até o banheiro. Lavei o rosto e me vesti para o trabalho.

Que trabalho, pensei. Não sei. Só sei que tinha de ir para o trabalho. Fui até lá e encontrei meu chefe vestido de cigana. Ele me disse que eu tinha futuro na empresa. Não lembrava do que tinha de fazer lá, mas isso deixou de ser um problema quando percebi que tinha errado de endereço, e estava numa festa a fantasia.

Daí me bateu o placebo: por isso meu chefe de cigana! Eram músicas do carnaval do ano passado. Super divertidas. Dançei, bebi, pulei. Mas me lembrei que não conseguia me mexer direito.

Daí voltei do banheiro e caí na cama denovo. No final da história, tudo que eu aprendi foi que devemos lembrar de limpar as cinzas do tapete.