27 março 2006

Saudades de...

Sei lá, só fiquei com vontade de escrever.
Estou sentindo falta de alguma coisa, só não sei o que.
Acho que eu estava em uma estrada, perseguindo meus sonhos, daí cansei e deitei para descansar um pouco.
Quando acordei, não estava mais sonhando.

14 março 2006

207

[Post Categoria: Texto]

Um belo dia você chega em casa. Acaba de estacionar o carro. Desce, liga o alarme e vai em direção ao hall do prédio, seguido pelo som dos sapatos batendo no concreto frio, cansados depois de um dia de trabalho.

Aguardando o elevador, ganha uma nova companhia: o bastardo do 207. O garoto, de seus vinte e poucos anos, cabelo oleoso, curto e amassado por um boné de marca, usa cores predominantemente escuras. É mal falado no bairro todo. Dizem que ele é traficante, que comprou o apartamento ao lado do seu, com o dinheiro das drogas e dos assassinatos por encomenda. Ninguém se atreve a dizer-lhe isso, pois é um risco muito alto a se correr. Há quem diga que foi assaltado pelo rapaz dentro do prédio.

Você resolve não trocar palavras, apenas pressiona o botão metálico, que acende, e espera o elevador. Ele sobe junto, mora no mesmo andar. A porta do elevador se abre, e você percebe que o operador da TV a cabo está à sua porta, e que a mesma encontra-se aberta. O funcionário para por alguns momentos, e lança um olhar de dúvida. Sua mulher, também à porta, lhe cumprimenta, e avisa:
- Vou buscar o talão de cheques.

Engraçado ela não ter lhe avisado nada. O infame vizinho abre a porta do apartamento, com um som que passa por cima de seus ombros. Ela ainda não voltou. Você larga suas coisas em cima da mesa da sala, e volta para não deixar o operador da TV a cabo sozinho. Ele lhe pergunta algo sobre o tempo. Há um pequeno intervalo de tempo constrangedor, onde não há assunto. O homem limpa o suor da testa - parece cansado - e fecha um botão da camisa do uniforme. Ele pergunta algo sobre futebol e você nem dá bola.

Sua mulher volta, desta vez com um cachecol ao redor do pescoço e com um blazer sobre a mão. Parece que ela vai sair.
BANG.

O moleque do 207, com uma pistola na mão. Sua mulher cai lentamente, deixando um rastro de sangue na parede. O blazer escorrega por cima de sua mão, revelando o calibre 38 que você herdou do seu avô.



[Comentários Adicionais]
Quem pode distinguir bem de mal? (se alguém não entendeu, por favor avisar)

Enfim... Mais um dia comum de estágio e faculdade, nada de grandes novidades, aquela mesma coisa de todo o dia. Exceto que, mesmo não tendo muitas aulas hoje, aprendi muito mais que em qualquer outro dia.
Aprendi que nem sempre o mundo é justo,
que nem sempre se faz a coisa certa sem o sacrifício de algo,
que muitas vezes meus amigos mais próximos me conhecem melhor que eu,
que - sem saber - eu faço/falo coisas que atingem outras pessoas...

No mais, é isso.
Abraços!